domingo, 11 de dezembro de 2011

Portugal: a beleza da simplicidade

Nos dias que correm, sabe sempre bem receber mensagens desta natureza para elevarmos um pouco a moral.
Este filme de promoção turística "Portugal, the beauty of simplicity", foi premiado na Polónia, no Film, Art & Tourism Festival.
Produzido pela Krypton, foi distinguido em Varsóvia na categoria "The best film promoting country, region or city" com o segundo prémio, entre 220 filmes candidatos.
O autor da música é Nuno Maló. A música está nomeada para os Jerry Goldsmith Awards 2011 na categoria de "Best Promotion Score".
Vale mesmo a pena ver...
Nós merecemos ser vistos!

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A saudade que doi...

No último post, pedi que sorrissem sempre, ainda que fossem sorrisos tristes.
No dia seguinte, a tristeza sobrepôs-se ao sorriso... e não consegui sorrir. Não é fácil explicar o sentimento da saudade, sobretudo quando é uma saudade que doi. É ainda um pouco mais difícil exlicar o que se sente quando perdemos um "quatro patas"...
Faço esta partilha como uma singela homenagem à minha Nini (a gatinha que me abandonou na 2ª feira) e a todos os animais que nos dão TANTA amizade e TANTO carinho. Não é fácil explicar como é que um animal dá tanto significado à palavra GRATIDÃO... e não tenho que explicar, porque a senti e a vivi. Só aqueles que passaram ou que um dia passem por uma experiência destas compreendem verdadeiramente estas minhas palavras... traduzidas na tal saudade que doi.
Se têm animais, acarinhem-nos e deixem-se ser acarinhados. Respeitem-nos e aproveitem cada dia, cada momento, cada gesto que eles vos ofereçam.
À minha Nini, só lhe posso dizer: MUITO OBRIGADO POR CADA MOMENTO QUE PASSASTE COMIGO... E ATÉ SEMPRE!

domingo, 27 de novembro de 2011

Combate à depressão

Nos dias que correm, os motivos que nos ajudam a sorrir são cada vez menores. Não vou listar as situações comuns a todos e de todos conhecidas, acrescentando ainda aquelas que são do foro estritamente pessoal.
Porque somos o povo do fado, e aqui manifesto a minha satisfação pela recente consagração do fado como património imaterial da Humanidade, temos a tendência para a resignação e para a depressão.
Porque não me quero resignar e quero fugir à depressão, vou continuar a lutar por todos os meios... até pelo humor como um pequeno contributo anti-depressão.
Como diz um provérbio bem antigo, "sorri sempre, mesmo que o teu sorriso seja um sorriso triste, porque mais triste do que um sorriso triste é a tristeza de não saber (ou poder) sorrir".
Já agora, e antes que me esqueça, um conselho útil: na vossa declaração de rendimentos de 2011, não esqueçam de indicar o nome dos membros dos Governos, do Parlamento e dos gestores das Empresas Públicas na rubrica "pessoas a Cargo".

domingo, 20 de novembro de 2011

Como vai a nossa educação.. e não só!

Penso que já é do vosso conhecimento este trabalho efetuado pela revista Sábado e que tem invadido os nossos e-mails. Este trabalho jornalístico teve como base o seguinte: "Enquanto Portugal se ri da auxiliar de acção médica concorrente da Casa dos Segredos, que julga que África é um país da América do Sul, a SÁBADO fez um teste básico a 100 alunos de universidades de Lisboa". (clique aqui para ver o vídeo)
A primeira reação poderá ser naturalmente a de um sorriso irónico face a tanta ignorância demonstrada por estes jovens universitários e pré-universitários. Este sentimento é rapidamente substituido por uma profunda preocupação... não só pelo estado da educação (e aqui falo como professor), como pelo estado do jornalismo em Portugal, e finalmente pelo estado da Nação.
Após ter ouvido a rúbrica do Bruno Nogueira que passou na TSF (obrigado, Cita), tive mais facilidade em diluir a primeira reação, não tendo conseguido no entanto desfazer as preocupações!!! (clique aqui para ouvir a rúbrica)
Grande abraço para todos.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Quinta das Uchas, um espaço de referência...

Quando o cansaço se apodera de nós e se torna viável uma fuga para um merecido descanso, a Quinta das Uchas, uma unidade de agroturismo localizada em Manhouce, concelho de S. Pedro do Sul, é um espaço de referência.
Inserida numa região serrana, esta quinta encanta não só pelo espaço em si e pelas suas gentes, mas também pela igualmente bela região envolvente. S. Pedro do Sul, Vouzela, Arouca, as serras envolventes, as quedas de água, as aldeias serranas (com destaque para a aldeia da Pena), entre outros, são locais de visita obrigatória a poucos quilómetros de distância.
A simpatia e o carinho com que fomos recebidos e acompanhados nos poucos dias de estadia deram-nos a sensação de estarmos em família, e na hora da despedida, deu-nos de imediato a vontade de regressar.
Por tudo isto, a Quinta das Uchas ficou-nos na memória e, acima de tudo, no coração.

domingo, 3 de julho de 2011

Apelo nacional: prefira produtos portugueses...

Desde há algum tempo que existe uma campanha publicitaria denominada "COMPRO O QUE É NOSSO" para promover e incentivar a compra de produtos nacionais. A lógica é simples e é uma espécie de "efeito dominó"! Ao comprar mais produtos nacionais, as empresas terão de produzir mais, aumentam a facturação, geram riqueza para elas próprias e para os funcionários, garantem e até podem aumentar os postos de trabalho, o Estado ganha com receitas fiscais, ajuda a baixar o custo de fabrico, enfim é toda uma "cadeia" que ganha com isso. Pelo contrário, se optarmos por produtos estrangeiros, estamos a agravar ainda mais o défice da balança comercial que já é elevado, ou seja, importamos muito mais do que exportamos o que acaba por "endividar" o nosso país.

Sempre que posso, opto por comprar produtos "Fabricado em Portugal" e há muitas outras pessoas que o fazem, inclusive as próprias cadeias de distribuição deveriam ter todo o interesse em promover os produtos nacionais. Antes desta campanha "COMPRO O QUE É NOSSO", houve uma outra denominada "Movimento 560" que teve algum impacto até na comunicação social e que foi um movimento criado por um grupo de estudantes com a melhor das intenções, mas cujo método de avaliação dos produtos nacionais não é o mais rigoroso. A ideia base seria os consumidores optarem por adquirir produtos com o código de barras a começar por "560" o que seria indicativo que aquele produto era de origem nacional. De facto há uma grande possibilidade de o ser, mas não obrigatoriamente, porque um produto pode vir da Espanha, França, China ou outro país já com esse código de barras. Cientes que muitos consumidores usam esta técnica, muitas "marcas brancas" usam este esquema para "enganar" o consumidor!

Muito haveria para escrever sobre este assunto, mas o principal é sensibilizá-lo por comprar produtos portugueses, mesmo que sejam ligeiramente mais caros que os outros, porque com o tempo ficamos a ganhar com isso. Para além de olharem para o código de barras à procura do "560", verifiquem se no rótulo consta o país de origem, algo que nem sempre existe e que é de lamentar! Li algures um estudo do Ministério da Economia espanhola, que estima que se cada espanhol consumisse 150€ de produtos nacionais por ano, a economia cresceria acima de todas as estimativas e ainda por cima criaria não sei quantos postos de trabalho. Pense nisto... antes de comprar produtos estrangeiros!

domingo, 12 de junho de 2011

12º A: uma turma, um desafio, um sonho, uma certeza.

No final de mais um ano lectivo, a reflexão sobre o trabalho desenvolvido torna-se obrigatória. Neste sentido, e porque as relações que se estabelecem entre professores e alunos e alunos entre si ultrapassam muitas vezes as meras relações pedagógicas, deixo aqui uma modesta mas simbólica homenagem aos alunos e aos professores do 12º A que, ao longo de três anos, souberam desenvolver um projecto de trabalho que honrou todos os intervenientes. Mais do que uma turma, foi uma equipa...
Fico muito grato aos alunos por todas as palavras que registaram. Para além de reconfortantes, são um estímulo.... para todos, as maiores felicidades...
Até breve... Até sempre!

domingo, 5 de junho de 2011

Buddha Eden Garden

Ontem, dia 4 de Junho, oficialmente referenciado como dia de reflexão para as eleições legislativas que hoje decorrem, visitei o Buddha Eden Garden como espaço privilegiado para a dita reflexão.
É um espaço com cerca de 35 hectares, perto do Bombarral, idealizado e concebido pelo Comendador José Berardo, em resposta à destruição dos Budas Gigantes de Bamyan, naquele que foi, um dos maiores actos de barbárie cultural, apagando da memória obras primas do período tardio da Arte de Gandhara.
Com entrada gratuita, o que nos tempos que correm é muito simpático, pretende-se como um lugar de reconciliação e de disseminação da cultura da paz.
Valeu a pena como espaço de reflexão... aconselho a todos que vale a pena visitar.
http://www.buddhaeden.com/

sexta-feira, 20 de maio de 2011

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Póstroika

Em tempos pré-eleitorais e de intervenção externa em Portugal, um vídeo muito pedagógico... ou não?

domingo, 8 de maio de 2011

Carta da Alice a José Sócrates

"Carta ao meu "amigo" Zé Socras

Zé, meu compincha que tão bem me entendes e compreendes,
Escrevo-te esta carta porque estou revoltada e quero protestar contra as injustiças deste povo em relação a ti e ao teu magnífico governo. Escrevo-te para manifestar a minha solidariedade para contigo, génio incompreendido, como, de resto, o são todas as grandes mentes. Tu, que procuras o bem do teu país, tu que lutas pelo desenvolvimento tecnológico, pela educação, pela saúde, pela economia, pelo trabalho... E, apesar de todos os teus abnegados e heróicos esforços, ninguém te compreende!
Cerca de 300.000 pessoas, um pouco por todo o país, tudo a protestar contra o estado das coisas, contra a falta de oportunidades... Eles não entendem o que tu já tens feito pelo bem deles!
Tu, que levaste para a frente as Novas Oportunidades para que qualquer analfabeto possa aumentar a sua auto estima dizendo que tem o 9º ano sem ter que ir às aulas;
Tu, que criaste programas de estágio para que os licenciados e mestres possam adiar uns meses o desespero do desemprego e, entretanto, serem explorados a baixo custo com imensas regalias... para as empresas;
Tu, que proporcionaste aos alunos a possibilidade de transitarem de ano sem qualquer esforço, criando dificuldades aos malvados dos professores que os queiram reter caso não tenham tido aproveitamento;
Tu, que deste a volta àquela insustentável segurança social que não dava lucros nenhuns, como era o seu objectivo, garantindo, agora, que todos possam ter reformas menores e menos protecção na doença e no desemprego;
Tu, que cortaste os salários aos funcionários públicos, mas que tiveste a decência de salvaguardar os vencimentos dos administradores e dos teus amiguinhos;
Tu, que criaste mais dívida para que todos possamos sonhar com uma viagem de TGV, apesar de não termos dinheiro para os bilhetes e enquanto os trabalhadores da CP vêem as suas condições de trabalho a piorar;
Tu, que poupas dinheiro e decides não fazer um metro em cidades insignificantes como Coimbra, que não te metes em despesas com transportes públicos, tu que ainda por cima só tens 20 motoristas por tua conta e uns poucos por conta dos teus amiguinhos;
Tu, que organizas festas e viagens para mostrar o que de "melhor" por cá se faz, sem olhares a custos...
Tu, que és tão bonzinho, que nos compreendes tão bem, que és tão solidário para com os jovens, para com os trabalhadores, para com os pensionistas... Ninguém te compreende... Pedes justificados e pertinentes sacrifícios à população, discursas sobre o quanto nos entendes e lamentas o que passamos, pois não tens quaisquer responsabilidades sobre o estado das coisas! A culpa é da Ângela, do Nicolau e dos outros meninos maus da Europa. Tu não tens culpa!
Não tens culpa de te preocupares com as despesas excepto com as que dizem respeito a ti e aos teus amigos!
Não tens culpa de quereres luxos na educação, saúde, tecnologia e transportes (de que importa se ainda nem o básico está assegurado?)!
Não tens culpa de desconheceres o que é viver com um salário mínimo ou médio tendo comida, escola, gasolina, água, gás, luz, medicamentos, e outras despesas que tais, para pagar.
Não tens culpa que os professores se sintam mais reclusos que educadores e fontes de conhecimento por causa dum modelozinho de avaliação inofensivo.
Não tens culpa que os pais dos meninos não tenham dinheiro para lhes pagarem os estudos e os sustentarem quando eles não arranjam emprego.
Enfim... Às vezes sinto que vivemos num mundo ao contrário...
Eu, chamo-me Alice e vivo em Portugal, um país que não me dá oportunidades de crescimento, que desaproveita todo o investimento que eu, os meus pais e o estado fizeram no meu desenvolvimento pessoal e académico.
Tu és o Zé e vives no País das Maravilhas, um país em que tudo é como devia ser, graças a ti, mas as pessoas que o habitam são burras e não percebem o bem que lhes fazes.
Não me alongarei muito mais nesta carta, pois já deves ter percebido que estou do teu lado e que te compreendo totalmente! Sugiro-te que saias de Portugal... Por muito que te custe abandonar a pátria pela qual tanto te tens sacrificado, julgo que terás um futuro melhor, em que sejas mais bem tratado, fora deste país cujo povo não te entende nem dá valor ao que tens feito. Vai por exemplo para o Pólo Norte ou para a Gronelândia... Dizem que lá há muito espaço para construíres aeroportos, pontes, linhas de alta velocidade e auto-estradas!
Um beijinho e desejos de boa viagem,
Alice"



Artigo escrito por Alice Morgado
Retirado do Blogue "FANTÁSTICO, MELGA!
14 de Março de 2011

terça-feira, 26 de abril de 2011

Pedido de ajuda formal de Portugal... documento oficial!

Foi publicado o documento oficial do pedido de ajuda formal de Portugal.
Se não for este, o verdadeiro também não será muito diferente...

Ao que nós chegámos!!!!!

sábado, 2 de abril de 2011

Curso de político (gratuito)

Caros amigos, agora que as eleições legislativas são uma realidade, partilho com vocês (tal como alguns já o fizeram comigo por e-mail) um curso de político - nível baixo. Está organizado em 10 lições, com tudo o que se precisa saber para serem políticos de sucesso. Não é necessário sairem de casa e perderem tempo em deslocações, não é igualmente necessário enviarem trabalhos, seja por e-mail ou por fax e, como se não fosse já suficientemente aliciante, é inteiramente gratuito. O que mais se pode pedir?



quinta-feira, 24 de março de 2011

Mensagem


MENSAGEM DE BENTO XVI AO MINISTRO DAS FINANÇAS DE PORTUGAL

– Meu Filho, não PEC's mais!

terça-feira, 8 de março de 2011

Prenúncio ou certeza

Os Homens da Luta venceram o Festival da Canção no passado sábado. Independentemente de gostarmos ou não do concurso ou mesmo do género musical apresentado por este grupo, o que não podemos duvidar é que a vitória representa algo mais do que uma irreverência. Nos últimos dias tem-se assistido a uma insistente campanha de mobilização da autodenominada "Geração à Rasca" para uma forte manifestação a decorrer no próximo dia 12. Ainda ontem, elementos deste grupo irromperam e interromperam o discurso do secretário-geral do PS. Não dista muito no tempo a canção apresentada pelos Deolinda nos seus concertos no Porto e em Lisboa...

Será que estamos a assistir ao prenúncio de uma mudança? Ou à certeza de que estes jovens (e não só) querem efectivamente assumir-se como a geração de intervenção?

Há que mudar... e para melhor... porque para pior já basta assim.

Contem comigo!





terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O meu dever é falar, para não ser tomado por cúmplice

Excelente artigo este de Santana Castilho in Público, 19/01/2011

Até quando o silêncio e a inacção?


"Que patifes, as pessoas honestas" é uma citação atribuída ao escritor francês Émile Zola, que me revisita sempre que vejo os políticos justificarem com o manto diáfano da legalidade comportamentos que a ética e a moral rejeitam. E é ainda Zola que volta quando a incoerência desperta o meu desejo de falar, para não ser tomado por cúmplice.
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Foi duplamente incoerente o apelo ao respeito e à valorização dos professores que Cavaco Silva fez há dias em Paredes de Coura. Incoerente quando confrontado com o passado recente e incoerente face ao que tem acontecido no decurso da própria campanha eleitoral. Em 2008 e 2009, os professores foram continuamente vexados sem que o Presidente da República usasse a decantada magistratura de influência para temperar o destempero. E foi directa e repetidas vezes solicitado a fazê-lo. Por omissão e acção suportou e promoveu políticas que desvalorizaram e desrespeitaram como nunca os professores e promulgou sem titubear legislação injusta e perniciosa para a educação dos jovens portugueses. Alguma ridícula e imprópria de um país civilizado, como aqui denunciei em artigo de 11.9.06. Já em plena campanha, Cavaco Silva disse num dia que jamais o viram ou veriam intrometer-se no que só ao Governo competia para, dias volvidos, aí intervir, com uma contundência surpreendente, a propósito dos cortes impostos ao ensino privado. Mas voltou a esconder-se atrás do silêncio conivente, agora que é a escola pública o alvo de acometidas sem critério e os professores voltam a ser tratados, aos milhares, como simples trastes descartáveis.
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Imaginemos que o modelo surreal para avaliar professores se estendia a outras profissões da esfera pública. Que diria Cavaco Silva? Teríamos, por exemplo, juízes relatores a assistirem a três julgamentos por ano de juízes não relatores, com verificação de todos os passos processuais conducentes à sentença e análise detalhada do acórdão que a suportou. Teríamos médicos relatores a assistirem a três consultas por ano dos médicos de família não relatores; a verificarem todos os diagnósticos, todas as estratégias terapêuticas e todas as prescrições feitas a todos os doentes. Imaginemos que os juízes teriam que estabelecer, ano após ano, objectivos, tipo: número de arguidos a julgar, percentagem a condenar e contingente a inocentar. O mesmo para os médicos: doentes a ver, a declarar não doentes, a tratar directamente ou a enviar para outras especialidades, devidamente seriadas e previstas antes do decurso das observações clínicas. Imaginemos que o retorno ao crime por parte dos criminosos já julgados penalizaria os juízes; que a morte dos pacientes penalizaria os médicos, mesmo que a doença não tivesse cura.
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•Imaginemos, ainda, que o modelo se mantinha o mesmo para os juízes dos tribunais cíveis, criminais, fiscais ou de família e indistinto para os otorrinolaringologistas, neurologistas ou ortopedistas. Imaginemos, agora, que um psiquiatra podia ser o relator e observador para fins classificativos do estomatologista ou do cirurgião cardíaco. Imaginemos, por fim, que os prémios prometidos para os melhores assim encontrados estavam suspensos por falta de meios e as progressões nas respectivas carreiras congeladas. Imaginemos que toda esta loucura kafkiana deixava milhares de doentes por curar (missão dos médicos) e muitos cidadãos por julgar (missão dos juízes). A sociedade revoltava-se e os profissionais não cumpririam. Mas este modelo, aplicado aos professores, está a deixá-los sem tempo para ensinar os alunos (missão dos professores), com a complacência de parte da sociedade e o aplauso de outra parte. E os professores cumprem. E Cavaco Silva sempre calou.
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Ultrapassámos os limites do tolerável e do suportável. Ontem, o estudo acompanhado e a área-projecto eram indispensáveis e causa de sucesso. Hoje acabaram. Ontem, exigiram-se às escolas planos de acção. Hoje ordenam que os atirem ao lixo. Ontem Sócrates elogiou os directores. Hoje reduz-lhe o salário e esfrangalha-lhes as equipas e os propósitos com que se candidataram e foram eleitos. Ontem puseram dois professores nas aulas de EVT em nome da segurança e da pedagogia activa. Hoje dizem que tais conceitos são impróprios. Ontem sacralizava-se a escola a tempo inteiro. Hoje assinam o óbito do desporto escolar e exterminam as actividades extracurriculares. Ontem criaram a Parque Escolar para banquetear clientelas e desorçamentar 3 mil milhões de dívidas. Hoje deixaram as escolas sem dinheiro para manter o luxo pacóvio das construções ou sequer pagar as rendas aos novos senhores feudais. Ontem pagaram a formação de milhares de professores. Hoje despedem-nos sem critério, igualmente aos milhares.
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Os portugueses politicamente mais esclarecidos poderão divergir na especialidade, mas certamente acordarão na generalidade: os 36 anos da escola democrática são marcados pela permanente instabilidade e pelo infeliz desconcerto político sobre o que é verdadeiramente importante num sistema de ensino. Durante estes 36 anos vivemos em constante cortejo de reformas e mudanças, ao sabor dos improvisos de dezenas de ministros, quando deveríamos ter sido capazes de estabelecer um pacto mínimo nacional de entendimento acerca do que é estruturante e incontornável para formar cidadãos livres. Sobre tudo isto, o silêncio de Cavaco Silva é preocupante e obviamente cúmplice.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

O unicórnio de porcelana

Hoje, tal como no passado, as marcas da intolerância ainda persistem.
Este minifilme, intitulado "Unicórnio de porcelana", é uma excelente homenagem às vítimas do Holocausto nazi e uma excelente oportunidade de reflexão.

"Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu.

Como não sou judeu, não me incomodei.

No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista.

Como não sou comunista, não me incomodei.

No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico.

Como não sou católico, não me incomodei.

No quarto dia, vieram e levaram-me;

já não havia mais ninguém para reclamar...

Martin Niemöller, 1933 - símbolo da resistência aos nazis.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Campanha nacional de recolha de livros para Moçambique

Soube que os Correios de Portugal estão a dinamizar uma campanha de envio totalmente gratuito de livros para Moçambique (caixas e portes) até ao final do mês de Fevereiro -CAMPANHA KARINGANA (título de um livro do grande poeta Moçambicano José Craveirinha).

Esta campanha permite-nos enviar todo o tipo de livros (manuais, dicionários, etc.) com portes totalmente gratuitos. As caixas para o envio dos livros são fornecidas em qualquer posto dos correios (temos que indicar que é para essa campanha, para que seja colocado um autocolante referindo a campanha). Não há limite para o envio de caixas (a maior equivale a uma A3).

Saibam mais no sítio oficial:
Vamos dar significado à palavra SOLIDARIEDADE?

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Curiosidade

Num dia frio e cinzento, de "ressaca" da eleição presidencial, aqui vai uma curiosidade trivial para rivalizar com muitas outras que nos são "oferecidas" diariamente: um vídeo onde podemos contemplar Pedro Abrunhosa, sem óculos e com cabelo (1989 - Natal dos Hospitais).
Não digam que eu não gosto de partilhar...

Um abraço e uma excelente semana.

(cliquem na imagem)

domingo, 16 de janeiro de 2011

Um cê a mais

Partilho esta mensagem que recebi por e-mail.
Vale a pena reflectir...
"Quando eu escrevo a palavra ação, por magia ou pirraça, o computador retira automaticamente o c na pretensão de me ensinar a nova grafia. De forma que, aos poucos, sem precisar de ajuda, eu próprio vou tirando as consoantes que, ao que parece, estavam a mais na língua portuguesa. Custa-me despedir-me daquelas letras que tanto fizeram por mim. São muitos anos de convívio. Lembro-me da forma discreta e silenciosa como todos estes cês e pês me acompanharam em tantos textos e livros desde a infância. Na primária, por vezes gritavam ofendidos na caneta vermelha da professora: não te esqueças de mim! Com o tempo, fui-me habituando à sua existência muda, como quem diz, sei que não falas, mas ainda bem que estás aí. E agora as palavras já nem parecem as mesmas. O que é ser proativo? Custa-me admitir que, de um dia para o outro, passei a trabalhar numa redação, que há espetadores nos espetáculos e alguns também nos frangos, que os atores atuam e que, ao segundo ato, eu ato os meus sapatos.

Depois há os intrusos, sobretudo o erre, que tornou algumas palavras arrevesadas e arranhadas, como neorrealismo ou autorretrato. Caíram hifenes e entraram erres que andavam errantes. É uma união de facto, para não errar tenho a obrigação de os acolher como se fossem família. Em 'há de' há um divórcio, não vale a pena criar uma linha entre eles, porque já não se entendem. Em veem e leem, por uma questão de fraternidade, os és passaram a ser gémeos, nenhum usa chapéu. E os meses perderam importância e dignidade, não havia motivo para terem privilégios, janeiro, fevereiro, março são tão importantes como peixe, flor, avião. Não sei se estou a ser suscetível, mas sem p algumas palavras são uma autêntica deceção, mas por outro lado é ótimo que já não tenham.

As palavras transformam-nos. Como um menino que muda de escola, sei que vou ter saudades, mas é tempo de crescer e encontrar novos amigos. Sei que tudo vai correr bem, espero que a ausência do cê não me faça perder a direção, nem me fracione, nem quero tropeçar em algum objeto abjeto. Porque, verdade seja dita, hoje em dia, não se pode ser atual nem atuante com um cê a atrapalhar. "

Manuel Halpern

sábado, 8 de janeiro de 2011

Confissões de um professor

Recebi esta mensagem por e-mail... partilho-a tal e qual a recebi.
Apenas acrescento duas palavras: até quando?

O Diário do Professor Arnaldo – A fome nas escolas
Publicado em 19 de Novembro de 2010 por Arnaldo Antunes

Ontem, uma mãe lavada em lágrimas veio ter comigo à porta da escola. Que não tinha um tostão em casa, ela e o marido estão desempregados e, até ao fim do mês, tem 2 litros de leite e meia dúzia de batatas para dar aos dois filhos.
Acontece que o mais velho é meu aluno. Anda no 7.º ano, tem 12 anos mas, pela estrutura física, dir-se-ia que não tem mais de 10. Como é óbvio, fiquei chocado. Ainda lhe disse que não sou o Director de Turma do miúdo e que não podia fazer nada, a não ser alertar quem de direito, mas ela também não queria nada a não ser desabafar.
De vez em quando, dão-lhe dois ou três pães na padaria lá da beira, que ela distribui conforme pode para que os miúdos não vão de estômago vazio para a escola. Quando está completamente desesperada, como nos últimos dias, ganha coragem e recorre à instituição daqui da vila – oferecem refeições quentes aos mais necessitados. De resto, não conta a ninguém a situação em que vive, nem mesmo aos vizinhos, porque tem vergonha. Se existe pobreza envergonhada, aqui está ela em toda a sua plenitude.
Sabe que pode contar com a escola. Os miúdos têm ambos Escalão A, porque o desemprego já se prolonga há mais de um ano (quem quer duas pessoas com 45 anos de idade e habilitações ao nível da 4ª classe?). Dão-lhes o pequeno-almoço na escola e dão-lhes o almoço e o lanche. O pior é à noite e sobretudo ao fim-de-semana. Quantas vezes aquelas duas crianças foram para a cama com meio copo de leite no estômago, misturado com o sal das suas lágrimas…
Sem saber o que dizer, segureia-a pela mão e meti-lhe 10 euros no bolso. Começou por recusar, mas aceitou emocionada. Despediu-se a chorar, dizendo que tinha vindo ter comigo apenas por causa da mensagem que eu enviara na caderneta. Onde eu dizia, de forma dura, que «o seu educando não está minimamente concentrado nas aulas e, não raras vezes, deita a cabeça no tampo da mesma como se estivesse a dormir».
Aí, já não respondi. Senti-me culpado. Muito culpado por nunca ter reparado nesta situação dramática. Mas com 8 turmas e quase 200 alunos, como podia ter reparado?

É este o Portugal de sucesso dos nossos governantes. É este o Portugal dos nossos filhos.