sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Quantos seremos?

Na sequência de uma mensagem recebida pela colega e amiga Helena Saraiva (para ti, um grande beijo de amizade), coloco aqui um poema de um grande poeta português:

QUANTOS SEREMOS?

Não sei quantos seremos, mas que importa?!
Um só que fosse, e já valia a pena
Aqui, no mundo, alguém que se condena
A não ser conivente
Na farsa do presente
Posta em cena!

Não podemos mudar a hora da chegada,
Nem talvez a mais certa,
A da partida.
Mas podemos fazer a descoberta
Do que presta
E não presta
Nesta vida.
E o que não presta é isto, esta mentira
Quotidiana.
Esta comédia desumana
E triste,
Que cobre de soturna maldição
A própria indignação
Que lhe resiste.

Miguel Torga, Câmara Ardente

4 comentários:

Maria José Leite disse...

"Podemos fazer a descoberta do que presta e não presta nesta vida..." diz o poeta, mas nós sabemos que é um percurso sempre doloroso! E o que presta são as nossas convicções, os nossos princípios ... e os nossos amigos!
Gostei da envolvência musical, condiz com o Sem Fronteiras.
Bjocas
MJL

João Camacho disse...

De facto, muitos dos percursos que seguimos são dolorosos... sobretudo quando sentimos, nos caminhos que trilhamos, injustiças e incompreensões. Mas esses percursos não têm de ser assim tão dolorosos, se os que connosco caminham, mesmo não estando inteiramente de acordo com as nossas convicções, compreenderem e respeitarem a justiça das mesmas ou, pelo menos, o direito a(correctamente)defendê-las. Isso sim, revela grandeza de carácter...
E mais uma vez reafirmo: a presença dos amigos (da amizade sincera) e o estarmos bem com a nossa consciência faz-nos sentir ainda mais fortes...
Obrigado e BJS

Luís Sérgio disse...

Mais actual do que nunca. Os verdadeiros poetas são assim : nunca morrem. Na verdade ,na literatura na poesia está tudo, até as misérias da vida e a inspiração para varrermos o que não presta.
Abraço,
Boa semana !

Anónimo disse...

Seremos todos aqueles que ainda sonham um futuro não doloroso...
Deixo-te um "poemita" meu onde ainda acredito no "querer" e no "sonho".

Se o Sol não fosse...
Brilhante...
A Vida não sorriria!
Se a Lua não fosse...
De Prata...
As águas não espelhariam!
Se o Céu não fosse...
Azul...
As Andorinhas não voariam!
Se a Vontade do Homem não fosse...
Querer...
O Sonho não existiria!

Um beijinho da amiga Isaura