
Possivelmente pensarão que este espaço é um confessionário e que eu vos elegi como meus confessores... possivelmente, e também por isso me penitencio.
Mas eu estive lá novamente, ainda mais convicto nas razões que me movem (assim como à grande maioria) e ainda mais esperançado em que a verdade vença a mentira, em que a razão vença a ilusão.
Estive lá novamente, no dia do meu aniversário (confidência para aqueles que não estiveram lá), na esperança de que a maior prenda que me poderiam dar era sanar de uma vez por todas este processo que mina, que corroi, que destroi...
Ainda hoje, Domingo, ao folhear o jornal "Público", li com particular atenção as palavras de três personalidades pressupostamente (re)conhecidas pela opinião pública e (pressupostamente) insuspeitas neste penoso processo. Por isso, embora correndo o risco de descontextualizar as frases, registo aqui algumas das suas palavras que acredito corresponderem ao sentimento generalizado dos professores:
"Conheço muitos professores e nos últimos meses não vi um feliz. Isso é altamente preocupante. [...] O respeito pelos professores é o mais importante, pois o futuro do país depende da educação dos seus cidadãos. [...] A palavra-chave é sensibilidade. E também afecto. É preciso olhar para isto de outra forma. Não vai à força, nunca foi. É necessário perceber as causas do descontentamento. Quando não há realização profissional, quando os professores não se sentem bem com o que estão a ter de fazer, nunca poderão dar o seu melhor à escola e aos alunos. Isto é uma verdade auto-evidente."
João Lobo Antunes, neurocirurgião
"Os jornais já publicaram mil pormenores sobre o sistema de avaliação. O escárnio é constante. A ministra queixa-se de que o seu sábio sistema foi ridicularizado! É verdade. Mas não merece menos que isso. [...] A avaliação ministerial, burocrática, formal e pseudo-científica é um enorme erro."
António Barreto, sociólogo
"Confesso-me perplexo perante os comentários da ministra. Só os entendo como revelação pública de que não sabe o que se passa nas escolas, algo muito grave para o cargo que ocupa. Basta falar com professores em qualquer estabelecimento de ensino para sentir de imediato o mal-estar docente: quem ignora esse facto distorce a realidade. A avaliação não só introduz burocracia (não é verdade que se limita só a um formulário, este é apenas a primeira fase do processo) como também fomenta problemas interpessoais entre professores. [...] Como eu gostaria que a nossa ministra, sem um séquito de assessores e com tempo, parasse nas escolas a ouvir os professores: escutaria então os protestos ordeiros de tantos "bons" professores que diz defender (...)."
Daniel Sampaio, psiquiatra e escritor
6 comentários:
Obrigada pela honra, abraços :-)
Lisonjeado sinto-me eu, Manuela, por ter partilhado ontem um dia "especial" junto de colegas/amigos e sentir, por parte destes, um carinho muito especial. Bem hajam.
BJS
Eu não estive pois estava adoentado passei mal a noite mas em espírito estive com os colegas
Caro João! Também lá estive, como sabes. voltarei lá as vezes que forem necessárias. Mas, o essencial , para já, é não ter medo e recusar esta pseudo avaliação;rejeitar o ECD da vergonha e mostrarmos que temos coluna vertebral.
A sinistra cairá e com ela talvez o Socranete Mor.
Os professores têm muita força, se soubermos usá-la, não serão as centrais de propaganda que nos impedirão de vencer.
NÃO DESISTIREI !
Um abraço solidário,
Luís Sérgio
Também eu lá estive neste sábado, 15.
E estive das outras vezes! E estarei sempre que for necessário juntar a minha voz à de todos os meus colegas! O Professor não é uma marioneta manipulável por um/uma qualquer bonecreiro(a) de feira!
O Professor tem de ser respeitado, dignificado!
A alegria de ensinar não pode murchar!
Um abraço da Isaura
Caro Luís, nos tempos que correm, as palavras NÃO DESISTIREI infelizmente tem ainda mais sentido. Cada vez mais a união tem de ser a palavra chave, enquanto acreditarmos que estamos que a razão está do nosso lado.
Amiga Isaura, estiveste e demonstraste mais uma vez a tua "fibra".
Abraços para vocês.
Enviar um comentário