domingo, 16 de novembro de 2008

Eu confesso... estive lá novamente.

Eu confesso... que estive lá novamente, na manifestação de educadores e professores do dia 15 de Novembro.

Possivelmente pensarão que este espaço é um confessionário e que eu vos elegi como meus confessores... possivelmente, e também por isso me penitencio.

Mas eu estive lá novamente, ainda mais convicto nas razões que me movem (assim como à grande maioria) e ainda mais esperançado em que a verdade vença a mentira, em que a razão vença a ilusão.

Estive lá novamente, no dia do meu aniversário (confidência para aqueles que não estiveram lá), na esperança de que a maior prenda que me poderiam dar era sanar de uma vez por todas este processo que mina, que corroi, que destroi...

Ainda hoje, Domingo, ao folhear o jornal "Público", li com particular atenção as palavras de três personalidades pressupostamente (re)conhecidas pela opinião pública e (pressupostamente) insuspeitas neste penoso processo. Por isso, embora correndo o risco de descontextualizar as frases, registo aqui algumas das suas palavras que acredito corresponderem ao sentimento generalizado dos professores:

"Conheço muitos professores e nos últimos meses não vi um feliz. Isso é altamente preocupante. [...] O respeito pelos professores é o mais importante, pois o futuro do país depende da educação dos seus cidadãos. [...] A palavra-chave é sensibilidade. E também afecto. É preciso olhar para isto de outra forma. Não vai à força, nunca foi. É necessário perceber as causas do descontentamento. Quando não há realização profissional, quando os professores não se sentem bem com o que estão a ter de fazer, nunca poderão dar o seu melhor à escola e aos alunos. Isto é uma verdade auto-evidente."

João Lobo Antunes, neurocirurgião


"Os jornais já publicaram mil pormenores sobre o sistema de avaliação. O escárnio é constante. A ministra queixa-se de que o seu sábio sistema foi ridicularizado! É verdade. Mas não merece menos que isso. [...] A avaliação ministerial, burocrática, formal e pseudo-científica é um enorme erro."

António Barreto, sociólogo


"Confesso-me perplexo perante os comentários da ministra. Só os entendo como revelação pública de que não sabe o que se passa nas escolas, algo muito grave para o cargo que ocupa. Basta falar com professores em qualquer estabelecimento de ensino para sentir de imediato o mal-estar docente: quem ignora esse facto distorce a realidade. A avaliação não só introduz burocracia (não é verdade que se limita só a um formulário, este é apenas a primeira fase do processo) como também fomenta problemas interpessoais entre professores. [...] Como eu gostaria que a nossa ministra, sem um séquito de assessores e com tempo, parasse nas escolas a ouvir os professores: escutaria então os protestos ordeiros de tantos "bons" professores que diz defender (...)."

Daniel Sampaio, psiquiatra e escritor

6 comentários:

Anónimo disse...

Obrigada pela honra, abraços :-)

João Camacho disse...

Lisonjeado sinto-me eu, Manuela, por ter partilhado ontem um dia "especial" junto de colegas/amigos e sentir, por parte destes, um carinho muito especial. Bem hajam.
BJS

Francisco disse...

Eu não estive pois estava adoentado passei mal a noite mas em espírito estive com os colegas

Luís Sérgio disse...

Caro João! Também lá estive, como sabes. voltarei lá as vezes que forem necessárias. Mas, o essencial , para já, é não ter medo e recusar esta pseudo avaliação;rejeitar o ECD da vergonha e mostrarmos que temos coluna vertebral.
A sinistra cairá e com ela talvez o Socranete Mor.
Os professores têm muita força, se soubermos usá-la, não serão as centrais de propaganda que nos impedirão de vencer.
NÃO DESISTIREI !
Um abraço solidário,
Luís Sérgio

Professora Isaura Victorino disse...

Também eu lá estive neste sábado, 15.
E estive das outras vezes! E estarei sempre que for necessário juntar a minha voz à de todos os meus colegas! O Professor não é uma marioneta manipulável por um/uma qualquer bonecreiro(a) de feira!
O Professor tem de ser respeitado, dignificado!
A alegria de ensinar não pode murchar!
Um abraço da Isaura

João Camacho disse...

Caro Luís, nos tempos que correm, as palavras NÃO DESISTIREI infelizmente tem ainda mais sentido. Cada vez mais a união tem de ser a palavra chave, enquanto acreditarmos que estamos que a razão está do nosso lado.
Amiga Isaura, estiveste e demonstraste mais uma vez a tua "fibra".
Abraços para vocês.