Não gosto de pagar pelos erros
que os outros cometem e/ou cometeram. Não gosto que ponham os trabalhadores do
setor privado contra os funcionários públicos. Não gosto que tentem destruir,
por questões meramente economicistas, a escola que eu ajudei a construir. Não
admito que apontem os ditos privilégios dos funcionários públicos, ainda por
cima da parte de quem vem esses apontamentos. Não admito que continuem a espoliar
o meu ordenado, o qual recebo em troca de um trabalho honesto e dedicado. Não
admito que continuem a congelar a minha progressão na carreira, na qual fiz um
percurso sério e sem favorecimentos político-partidários ou outros. Não admito
que despeçam colegas que tanto têm dado à escola pública. Não admito que pensem
sequer reforçar a privatização do ensino, ainda por cima a grupos tipo GPS. Não
admito que duvidem do meu profissionalismo.
Não sou político, nem banqueiro…
sou um professor e com muito orgulho. Por tudo isto e mais aquilo que tenho
dificuldade de expressar, fui de novo à manifestação. Não fui por filiações político-partidárias…
não fui por filiação sindical… fui somente por ser professor… fui somente por
ser cidadão.
Mais do que por direito, fui por
DEVER. Em meu nome e em nome de todos aqueles que têm a sua carreira, o seu
vencimento, o seu emprego em causa. Em nome da defesa da escola que com
sacrifício e empenho tenho tentado ajudar a construir. Em nome da educação que
está cada vez mais a ser hipotecada, e com ela, o nosso futuro.
Fiquei satisfeito por ver tantos
colegas que fizeram mais uma vez uma longa viagem para estarem presentes.
Fiquei triste por não ver outros cuja viagem seria certamente mais curta.
Estive lá e mais uma vez com o
orgulho de ter participado em mais uma manifestação reveladora de grande civismo.
Desculpem-me o desabafo, mas de vez em quando sabe bem fazê-lo!
3 comentários:
Caro João !
Estivemos lá por todas as razões que apontas e também porque não temos medo, nem esperamos que alguns resolvam os nossos problemas.Quem fica em casa está a perder tudo e não sabe, e o pior nem é o emprego,ou os cortes no salário, o pior mesmo, o pior é não ter dignidade para se indignar. De qualquer modo, penso que muitos dos que não estiveram agora, estarão na próxima e nas próximas lutas que temos de travar nas escolas, o mais importante é saber que podemos contar com eles. Lutar pela razão, pela justiça e dignidade humana será aquilo que nunca esqueceremos. Um dia, quando olharmos para trás, recordaremos com saudade e orgulho os dias em que lutámos.
foi bom ver-te, e como sabemos a luta continua !
Grande abraço,
Luís Sérgio
Olá J.
Não estive lá!
Gostaria e contava lá estar, mas,infelizmente,familiarmente não foi possível.
Estou com o teu pensamento e sentimento.
Lutaremos!
JASLourenço
Não estive lá por estar doente.
Doente fisicamente e doente da alma por tudo aquilo que me estão a retirar. A palavra que melhor define não é retirar, é antes roubar.
Da próxima vez contarei estar.
IV
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