domingo, 21 de fevereiro de 2010

A justiça tem destas coisas...

Nestes tempos conturbados em que tanto se fala sobre justiça e sobre a problemática do despovoamento do interior do nosso país, atentem na sapiência de um rei que conseguiu resolver dois problemas em simultâneo.
O meu obrigado à historiadora Céu que partilhou esta "relíquia"...
Um abraço e uma excelente semana.



Sentença de 1487 - Trancoso, Portugal

Arquivo Nacional da Torre do Tombo

SENTENÇA PROFERIDA EM 1487 NO PROCESSO CONTRA O PRIOR DE TRANCOSO

(Autos arquivados na Torre do Tombo, armário 5, maço 7)

"Padre Francisco da Costa, prior de Trancoso, de idade de sessenta e dois anos, será degredado de suas ordens e arrastado pelas ruas públicas nos rabos dos cavalos, esquartejado o seu corpo e postos os quartos, cabeça e mãos em diferentes distritos, pelo crime que foi arguido e que ele mesmo não contrariou, sendo acusado de ter dormido comvinte e nove afilhadas e tendo delas noventa e sete filhas e trinta e sete filhos; de cinco irmãs teve dezoito filhas; denove comadres trinta e oito filhos e dezoito filhas; de sete amas teve vinte e nove filhos e cinco filhas; de duas escravas teve vinte e um filhos e sete filhas; dormiu com uma tia, chamada Ana da Cunha, de quem teve três filhas, da própria mãe teve dois filhos. Total: duzentos e noventa e nove, sendo duzentos e catorze do sexo feminino e oitenta e cinco do sexo masculino, tendo concebido em cinquenta e três mulheres".


"El-Rei D. João II lhe perdoou a morte e o mandou por em liberdade aos dezassete dias do mês de Março de 1487, com o fundamento de ajudar a povoar aquela região da Beira Alta, tão despovoada ao tempo e guardar no Real Arquivo esta sentença, devassa e mais papéis que formaram o processo".

3 comentários:

Maria José Sebastião disse...

Só mesmo um governante inteligente tinha este discernimento.
Maria José Sebastião

Luís Sérgio disse...

Caro João !

Uma justiça muito original. Não sei se será o melhor exemplo para a justiça que, hoje, não temos. Mas que foi uma forma genial de fomentar o povoamento, sem dúvida.

Grande abraço ,
Luís Sérgio

Francisco disse...

Ele rei sabia o que fazia