domingo, 30 de novembro de 2008

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Quantos seremos?

Na sequência de uma mensagem recebida pela colega e amiga Helena Saraiva (para ti, um grande beijo de amizade), coloco aqui um poema de um grande poeta português:

QUANTOS SEREMOS?

Não sei quantos seremos, mas que importa?!
Um só que fosse, e já valia a pena
Aqui, no mundo, alguém que se condena
A não ser conivente
Na farsa do presente
Posta em cena!

Não podemos mudar a hora da chegada,
Nem talvez a mais certa,
A da partida.
Mas podemos fazer a descoberta
Do que presta
E não presta
Nesta vida.
E o que não presta é isto, esta mentira
Quotidiana.
Esta comédia desumana
E triste,
Que cobre de soturna maldição
A própria indignação
Que lhe resiste.

Miguel Torga, Câmara Ardente

domingo, 16 de novembro de 2008

Eu confesso... estive lá novamente.

Eu confesso... que estive lá novamente, na manifestação de educadores e professores do dia 15 de Novembro.

Possivelmente pensarão que este espaço é um confessionário e que eu vos elegi como meus confessores... possivelmente, e também por isso me penitencio.

Mas eu estive lá novamente, ainda mais convicto nas razões que me movem (assim como à grande maioria) e ainda mais esperançado em que a verdade vença a mentira, em que a razão vença a ilusão.

Estive lá novamente, no dia do meu aniversário (confidência para aqueles que não estiveram lá), na esperança de que a maior prenda que me poderiam dar era sanar de uma vez por todas este processo que mina, que corroi, que destroi...

Ainda hoje, Domingo, ao folhear o jornal "Público", li com particular atenção as palavras de três personalidades pressupostamente (re)conhecidas pela opinião pública e (pressupostamente) insuspeitas neste penoso processo. Por isso, embora correndo o risco de descontextualizar as frases, registo aqui algumas das suas palavras que acredito corresponderem ao sentimento generalizado dos professores:

"Conheço muitos professores e nos últimos meses não vi um feliz. Isso é altamente preocupante. [...] O respeito pelos professores é o mais importante, pois o futuro do país depende da educação dos seus cidadãos. [...] A palavra-chave é sensibilidade. E também afecto. É preciso olhar para isto de outra forma. Não vai à força, nunca foi. É necessário perceber as causas do descontentamento. Quando não há realização profissional, quando os professores não se sentem bem com o que estão a ter de fazer, nunca poderão dar o seu melhor à escola e aos alunos. Isto é uma verdade auto-evidente."

João Lobo Antunes, neurocirurgião


"Os jornais já publicaram mil pormenores sobre o sistema de avaliação. O escárnio é constante. A ministra queixa-se de que o seu sábio sistema foi ridicularizado! É verdade. Mas não merece menos que isso. [...] A avaliação ministerial, burocrática, formal e pseudo-científica é um enorme erro."

António Barreto, sociólogo


"Confesso-me perplexo perante os comentários da ministra. Só os entendo como revelação pública de que não sabe o que se passa nas escolas, algo muito grave para o cargo que ocupa. Basta falar com professores em qualquer estabelecimento de ensino para sentir de imediato o mal-estar docente: quem ignora esse facto distorce a realidade. A avaliação não só introduz burocracia (não é verdade que se limita só a um formulário, este é apenas a primeira fase do processo) como também fomenta problemas interpessoais entre professores. [...] Como eu gostaria que a nossa ministra, sem um séquito de assessores e com tempo, parasse nas escolas a ouvir os professores: escutaria então os protestos ordeiros de tantos "bons" professores que diz defender (...)."

Daniel Sampaio, psiquiatra e escritor

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Curioso texto...

Recebi, através da minha amiga Margarida Portugal, este curioso texto:


"Nada deve ser mais importante nem mais desejável (...) do que preservar a boa disposição dos professores (...). É nisso que reside o maior segredo do bom funcionamento das escolas (...)."
"Com amargura de espírito, os professores não poderão prestar um bom serviço, nem responder convenientemente às [suas] obrigações."
Recomenda-se a todos os professores um dia de repouso semanal: "A solicitude por parte dos superiores anima muito os súbditos e reconforta-os no trabalho."
"Quando um professor desempenha o seu ministério com zelo e diligência, não seja esse o pretexto para o sobrecarregar ainda mais e o manter por mais tempo naquele encargo. De outro modo, os professores começarão a desempenhar os seus deveres com mais indiferença e negligência, para que não lhes sucedao mesmo."
"Incentivar e valorizar a sua produção literária: porque "a honra eleva as artes."
"Em meses alternados, pelo menos, o reitor deverá chamar os professores(...) e perguntar-lhes-á, com benevolência, se lhes falta alguma coisa, se algo os impede de avançar nos estudos e outras coisas do género. Isto se aplique não só com todos os professores em geral, nas reuniões habituais, mas também com cada um em particular, a fim de que o reitor possa dar-lhes mais livremente sinais da sua benevolência, e eles próprios possam confessar as suas necessidades, com maior liberdade e confiança. Todas estas coisas concorrem grandemente para o amor e a união dos mestres com o seu superior. Além disso, o superior tem assim possibilidade de fazer com maior proveito algum reparo aos professores, se disso houver necessidade."
"I. 22. Para as letras, preparem-se professores de excelência.
Para conservar (...) um bom nível de conhecimento de letras e de humanidades, e para assegurar como que uma escola de mestres, o provincial deverá garantir a existência de pelo menos dois ou três indivíduos que se distingam notoriamente em matéria de letras e de eloquência. Para que assim seja, alguns dos que revelarem maior aptidão ou inclinação para estes estudos, serão designados pelo provincial para se dedicarem imediatamente àquelas matérias - desde que já possuam, nas restantes disciplinas, uma formação que se considere adequada. Com o seu trabalho e dedicação, poder-se-á manter e perpetuar como que uma espécie de viveiro para uma estirpe de bons professores.
II. 20. Manter o entusiasmo dos professores.
O reitor terá o cuidado de estimular o entusiasmo dos professores com diligência e com religiosa afeição. Evite que eles sejam demasiado sobrecarregados pelos trabalhos domésticos."
Ratio Studiorum da Companhia de Jesus (1599).

Sábias palavras...

domingo, 9 de novembro de 2008

Eu confesso... estive lá.

Eu confesso... que estive lá, na manifestação de educadores e professores do dia 8 de Novembro.
Eu confesso... que fui um dos cerca de 120 mil apelidados de "chantagistas".
Eu confesso... que fui um dos cerca de 120 mil acusados de serem manipulados pelos sindicatos.
Eu confesso... que me sinto triste, cansado, desiludido e desanimado.
Eu confesso... que sou professor, quero continuar a ser professor, adoro a minha profissão.
Eu confesso... que ainda tenho esperança que o bom senso impere, a bem de tudo e de todos.
Mas eu também confesso... que prefiro morrer de pé do que viver ajoelhado.

E peço... a quem de direito: "Não ouças só as palavras que ouvires, ouve-lhe também o silêncio, se o tiverem." (Vergílio Ferreira)

domingo, 2 de novembro de 2008

A beleza do vermelho

Amigos, presenteio-vos com a beleza do vermelho... clubismo à parte, ou talvez não.
Para vocês, um grande abraço e uma boa semana.
A Beleza Do Vermelho
View SlideShare presentation or Upload your own. (tags: vermelho fotografia)